Karina Cedeño   |   27/03/2024 12:29
Atualizada em 27/03/2024 12:30

Planos de assinatura de viagens: uma nova tendência no Turismo?

Programas do tipo podem ajudar aéreas a preencher assentos vazios e aumentar venda de ancillaries; entenda


PANROTAS / Danilo Teixeira Alves
Modelo é uma tendência impulsionada pela evolução digital
Modelo é uma tendência impulsionada pela evolução digital

A AirAsia, com sede na Malásia, revelou uma versão renovada do Asean Pass, seu plano de assinatura de viagens, agora oferecendo voos ilimitados entre os dez países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). E a Alaska Airlines, que já oferece um programa anual de assinatura de voos, anunciou na semana passada o lançamento de um programa estilo clube, que oferece benefícios adicionais por uma taxa mensal.

Tudo isso acontece apenas um mês depois de a Saudia, companhia aérea da Arábia Saudita, ter revelado uma parceria com a Caravelo, especialista em assinaturas de tecnologia de viagens, para lançar um novo produto no Oriente Médio. Embora a Saudia não tenha oferecido detalhes específicos na época, tais anúncios sempre resultaram em novas ofertas de assinatura.

Todos esses desenvolvimentos seriam uma coincidência – ou um sinal do que está por vir? Especialistas tendem para a última explicação. E mesmo que possa levar anos até que as companhias aéreas estejam disputando taxas mensais com serviços de streaming como Netflix e Disney Plus, elas provavelmente já estão pensando nisso, de acordo com o CEO da Caravelo, Iñaki Uriz.

“Há cerca de três ou quatro anos, praticamente ninguém falava sobre programas de assinatura na indústria. Hoje o cenário é diferente”, afirma. “Acho que agora todo mundo está, até certo ponto, tendo isso em seu radar. Alguns já estão fazendo coisas, outros estão apenas pensando nisso. Mas está na mente de todos.”

Sinead Finn, fundadora da Affinnity, uma companhia aérea e consultoria de tecnologia auxiliar, vê algumas razões principais pelas quais as companhias aéreas estão seguindo esse caminho, a começar pelos clientes. “O cliente de hoje está mais acostumado com modelos de assinatura – Amazon, Netflix e Spotify garantiram isso”, diz ela, listando os benefícios para as companhias aéreas. “Esses programas são ótimos para a fidelidade. Os assinantes tendem a gastar mais dinheiro do que outros clientes e fornecem um fluxo de receitas regular e mais previsível, o que ajuda no planejamento geral.”

Eric Léopold, fundador da Threedot, uma consultoria de viagens com sede na Suíça, afirma que a transformação digital em curso na indústria aérea, com o impulso para novas capacidades de distribuição e vendas no varejo, abrirá caminho para mais assinaturas. “Muitas companhias aéreas têm tecnologia antiga e processos legados, por isso é difícil incluir qualquer coisa nova nisso”, afirma Léopold. “O que vai acontecer nos próximos cinco anos é que as companhias aéreas estão migrando para novos processos, novas tecnologias e com isso será muito mais fácil fazer assinaturas.”

Essa mudança não acontecerá da noite para o dia e o tipo de assinatura variará de acordo com as necessidades do negócio – pense em algo mais parecido com o pacote de benefícios do Amazon Prime do que com o modelo all-you-can-watch da Netflix. Seja qual for o formato, ele prevê que modelos de assinatura estarão disponíveis em todos os lugares nos próximos anos. “Mas é necessário um argumento comercial para que uma companhia aérea tome essa decisão”, acrescentou, “e o argumento comercial não é óbvio. É por isso que leva tempo.”

Assinaturas de voos ilimitados

Diferenças importantes distinguem os tipos de assinaturas oferecidas pelas companhias aéreas.

Os modelos all-you-can-fly são projetados para ajudar as companhias aéreas a preencher assentos vazios e aumentar as vendas de ancillaries. Eles são voltados para clientes que têm flexibilidade para reservar voos suficientes entre as rotas oferecidas e dentro dos períodos de reserva disponíveis para que o negócio valha a pena. “Este modelo visa monetizar estoques problemáticos que sabemos que serão desperdiçados”, diz Uriz. “Agora podemos vender isso por meio de assinatura.”

O AirAsia Move (anteriormente AirAsia Superapp) está oferecendo um número limitado de passes anuais por US$ 288, embora o custo específico varie de acordo com a moeda do país em que o passe é adquirido. Quem adquirir o passe tem direito a um número ilimitado de voos disponíveis, além de descontos exclusivos em hotéis e passeios.

Outros modelos de assinatura de voo

O segundo tipo de plano – modelo de viagem ou multipassagem – é aquele que a Caravelo chama de “a forma mais verdadeira de assinatura de viagens” e onde Uriz vê os maiores benefícios para as companhias aéreas. Por uma taxa recorrente, geralmente mensal, os assinantes têm acesso a um determinado número de viagens.

A parceria realizada entre a Caravelo e a Wizz Air no ano passado é um exemplo. O produto multipass atendeu clientes em voos domésticos dentro da Itália ou em voos internacionais da Polônia, com os clientes pagando uma taxa fixa todos os meses em troca de um voo só de ida ou de ida e volta todos os meses. Assinaturas como essas podem aumentar a demanda e a participação no mercado, ao mesmo tempo que criam um fluxo de receita recorrente e mais estável. “Isso normalmente é o que cria o maior impacto [para as companhias aéreas”], destaca Uriz.

Porém, é provável que o modelo atraia um grupo limitado de viajantes que voam frequentemente nas rotas oferecidas. Essa é parte da razão pela qual Léopold vê um terceiro modelo de assinatura – conhecido como clube ou assinatura de associação – que tem maior probabilidade de “se tornar onipresente” no setor.

As assinaturas do clube não oferecem voos, assim como a Amazon não distribui livros para uma assinatura do Amazon Prime. Em vez disso, o foco está em benefícios adicionais e outras vantagens em troca de uma taxa anual ou recorrente. A mais nova oferta de assinatura da Alaska Airlines é um exemplo. Os viajantes pagam US$ 5 por mês para acessar descontos exclusivos junto com um voucher para wi-fi de streaming rápido a bordo.

Léopold chama esses acordos de parte da “evolução da lealdade”. À medida que mais pagamentos se tornam digitais, ele vê essas assinaturas substituindo ou vinculando-se a programas de recompensas existentes que muitas vezes estão vinculados a cartões de crédito. “Todas essas coisas vão se fundir no futuro”, disse ele. “Essa é a principal tendência e é impulsionada pela evolução digital.”

Com informações do site PhocusWire.

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