"Voa Brasil é bom, mas precisa de mais esclarecimentos", diz FecomercioSP
Inclusão ou não das agências de viagens é um dos pontos apontados como fundamentais pela entidade
O programa do governo federal cuja meta é aumentar em mais de 10% o número de passageiros aéreos transportados no País, Voa Brasil, é uma boa notícia para o setor, mas precisa de mais esclarecimentos sobre como será executado. Essa é a avaliação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
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Um dos pontos que precisam ser mais bem explicados, na avaliação da FecomercioSP, é como será a plataforma que está sendo desenvolvida pelas companhias aéreas, além dos trechos e datas que ficarão disponíveis para viagens.
"A disponibilização de datas com períodos longos entre a ida e a volta, por exemplo, pode não ser tão atrativa para o beneficiário se ele não puder permanecer no destino", alerta a entidade. "Outro ponto importante é se o programa incluirá a participação das agências de viagens para auxiliar os consumidores. De acordo com as associações de agenciamento que integram o Conselho de Turismo da FecomercioSP, essas empresas são responsáveis por intermediar mais da metade dos serviços turísticos no País. Dessa forma, são essenciais para o aconselhamento na compra das passagens aéreas e dos serviços que o consumidor demandará no destino."
Falta também explicar, na visão do conselho, se haverá como comprar bilhetes de forma antecipada — ou seja, se será possível, agora, em agosto, adquirir uma passagem para maio do ano que vem, ou se serão ofertados trechos disponíveis com baixa ocupação somente com datas mais próximas. Ao se aproximar da data embarque, ainda que o custo seja de R$ 200, outros serviços tendem a ficar mais escassos e caros.
Por fim, outra dúvida levantada pela FecomercioSP é se a regra de não ter voado nos últimos 12 meses também será válida para o acompanhante. "Caso não haja restrições, é importante criar mecanismos para coibir um possível mercado paralelo de venda de passagem. Esses pontos, apesar de não inviabilizarem o projeto — que, certamente, contribuirá para uma maior movimentação da cadeia de turismo no Brasil — precisam ser esclarecidos para que todos os agentes do setor consigam dar apoio à iniciativa e aos beneficiários", questiona a entidade paulista.
CEO da Latam também tem ressalvas ao início do Voa Brasil
Em apresentação do resultado trimestral da Latam realizada nesta semana, o CEO da companhia aérea no Brasil, Jerome Cadier, endossa que a Latam pretende fazer parte do Voa Brasi, avaliado por ele como positivo para toda a indústria.
No entanto, Cadier ressalta que o aplicativo desenhado pelo governo para integrar as companhias aéreas pode ser um empecilho para o lançamento ainda em agosto. Segundo ele, não houve grandes avanços na formatação desse software. Ele mostra uma Latam disposta a colaborar com o programa, mas não acredita em um lançamento tão cedo.
Sobre o Voa Brasil
De acordo com informações divulgadas até o momento pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, as companhias aéreas envolvidas (Gol, Latam e Azul) vão oferecer passagens a R$ 200 para determinados trechos e em períodos de baixa temporada, abrangendo os meses do trimestre terminado em maio e no quadrimestre que se finaliza em novembro.
O programa priorizará aposentados e pensionistas que, em 12 meses, não tenham feito nenhuma viagem de avião, fato que será checado no cruzamento das informações das empresas aéreas. Cada beneficiário poderá comprar quatro passagens por ano. Numa hipótese de viagem de Fortaleza a Goiânia, a ida e volta custará R$ 400.
Segundo França, o programa pode oferecer 1,5 milhão de passagens por mês, ou mais de 10 milhões de passageiros voados nos setes meses contemplados. Vale esclarecer que não necessariamente se trata de indivíduos únicos, até porque haverá a possibilidade de compra de bilhetes de volta e voos com conexões, quando o passageiro é contabilizado por trecho voado. Se a tendência no crescimento de passageiros se mantiver no ritmo atual, a expectativa é chegar ao fim do ano com 95 milhões de passageiros transportados. Dessa forma, pode ter um incremento de mais de 10%, quando atingir o ponto máximo.