Artur Luiz Andrade   |   17/12/2022 12:17
Atualizada em 17/12/2022 12:26

Justiça reduz greve de aeronautas a 10% dos tripulantes

Multa estipulada é de R$ 200 mil caso o sindicato não cumpra a decisão

Com informações da Agência Brasil


PANROTAS / Filip Calixto

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) obteve da Justiça medida cautelar contra a greve anunciada pelos aeronautas para a próxima segunda-feira (19) e que se repetiria por tempo indeterminado, sempre das 6h às 8h da manhã.

Segundo decisão do Tribunal Superior do Trabalho apenas 10% dos pilotos, co-pilotos e comissários poderão aderir à greve. A Justiça determinou multa de R$ 200 mil caso a medida não seja cumprida.

A greve aprovada pelo Sindicato dos Aeronautas previa paralisação total durante duas horas (das 6h às 8h da manhã) a partir da próxima segunda-feira. Os funcionários que decidiram pela greve pedem reposição salarial e ganho real de 5%.

O sindicato da categoria argumenta, segundo reportagem da Agência Brasil, que os altos preços das passagens aéreas têm gerado crescentes lucros para as empresas. De janeiro a outubro deste ano, por exemplo, o preço médio das passagens subiu 35%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os profissionais do setor aéreo reivindicam ainda melhorias nas condições de trabalho para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho, como a definição dos horários de início de folgas e proibição de alterações nas mesmas, além do cumprimento dos limites já existentes do tempo em solo entre etapas de voos.

"É importante destacar que as próprias empresas apontam em seus informes ao mercado, assim como também demonstram notícias publicadas na imprensa, que o setor aéreo vem se recuperando aceleradamente, com lucros maiores do que os do período pré-pandemia. Além disso, a procura por passagens aéreas aumentou e os preços impostos aos passageiros subiram drasticamente. No entanto, as empresas continuam intransigentes, se recusando a conceder uma remuneração mais digna aos tripulantes, além de propor que pilotos e comissários trabalhem mais horas. Os pilotos e comissários de voo do Brasil contam com a compreensão da sociedade e com o bom senso das companhias aéreas para evitar transtornos", informou o sindicato, em nota.

AAgência Brasil procurou o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), que enviou uma nota oficial na noite desta quinta, 15/11, em nome das aéreas. No texto, a entidade afirma que ofereceu reajuste de 100% do Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) para o piso salarial, mesma correção para as diárias nacionais, seguro de vida e vale alimentação, além da garantia da data base de 1º de dezembro e todas as cláusulas financeiras e sociais da Convenção Coletiva enquanto as negociações estivessem em curso. Até o momento, no entanto, o sindicato patronal informou não ter recebido contraproposta dos trabalhadores.

Sobre o aumento das passagens aéreas, a entidade argumentou o preço "foi fortemente afetado nos últimos anos por conta de pandemia, conflitos na Europa, desvalorização do real frente ao dólar e aumento do preço do petróleo". Além disso, o SNEA enfatizou que o querosene de aviação (QAV) aumentou 118% na comparação com o ano de 2019 e hoje representa mais de 50% dos custos.

O SNA se reuniu, nesta sexta-feira (16) com o TST (Tribunal Superior do Trabalho) para prestar esclarecimentos sobre a greve dos tripulantes da aviação regular, que ocorrerá a partir de segunda-feira (19). O objetivo do encontro, segundo o sindicato, "foi apresentar ao TST as reivindicações da categoria e o histórico das negociações com o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), que se viram frustradas."

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