Beatrice Teizen   |   12/05/2021 14:19
Atualizada em 12/05/2021 14:22

Brasil é segundo país no mundo em quantidade de restrições de viagens

Presidente da Alta, José Ricardo Botelho, conversou com o presidente da Abear sobre aviação e mais

O presidente da Alta, José Ricardo Botelho, em seu mais recente Artigo do CEO “Sobrevolando América Latina e o Caribe”, conversou com o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, sobre aviação e os desafios e capacidade de ter uma política de enfrentamento à crise no Brasil. Sanovicz falou do esforço da aviação brasileira durante a pandemia, como será a retomada de alguns segmentos e revelou que o Brasil tem viagens restringidas para 114 países no mundo, só perdendo para a África do Sul, com 116. Esse índice é muito nocivo para nossa imagem e para a recuperação do Turismo.

Confira o bate-papo a seguir.

PANROTAS / Filip Calixto
José Ricardo Botelho, presidente da Alta, conversa com Eduardo Sanovicz sobre aviação e Turismo no Brasil
José Ricardo Botelho, presidente da Alta, conversa com Eduardo Sanovicz sobre aviação e Turismo no Brasil
"JOSÉ RICARDO BOTELHO: Você tem uma vasta experiência em Turismo, o que você acha que mudará na forma de fazer Turismo no Brasil e como o país deve se preparar?

EDUARDO SANOVICZ: Alguns impactos sobre a cadeia do Turismo já estão colocados. Aquelas viagens exclusivamente para negócios, como sair de São Paulo para uma reunião fora de 2 a 3 horas em outra cidade e depois voltar, muito desse segmento vai ficar no virtual. As pessoas vão preferir reuniões on-line. Isso responde por uma parte importante do faturamento e da demanda da aviação. O que deve permanecer é aquela viagem corporativa ligada a eventos, por isso é fundamental para o setor de eventos se fortalecer para tentar suprir um pedaço disso. As viagens de lazer também seguirão, num primeiro momento, com destinos mais próximos: de 1h30 até 2 horas de voo.


O que vai surgir é um outro segmento, o de pessoas que, ainda que estejam trabalhando normalmente, descobriram que podem ficar uns cinco, seis dias ou uma semana longe de casa, atuando remotamente, num lugar no qual das 7h às 9h vão à praia e os filhos têm meio período para passear. Portanto, vai ser um novo perfil e nós vamos ter de nos preparar oferecendo produtos e serviços competitivos, com preços adequados para os destinos que forem demandados. Creio que isso terá um peso fortemente doméstico e, num segundo momento, uma dimensão latino-americana e depois internacional.

BOTELHO: O Brasil foi um dos poucos mercados na região que não fechou os céus. Que impacto isso teve no mercado de aviação comercial?

SANOVICZ: Isso foi muito positivo para mostrar o compromisso da aviação brasileira com o País e principalmente a nossa capacidade de, logo após instalada a crise, ter uma política de enfrentamento. Enquanto no resto do planeta quase toda a aviação parou, no Brasil, mantivemos todas as capitais conectadas no pior momento da crise, com 8% da malha no ar. Isso permitiu, primeiro, contribuir para repatriar todos os que estavam fora, cujas empresas haviam parado de voar.


Depois, imediatamente, pudemos implementar um programa de transporte gratuito de profissionais de saúde. Na sequência, equipamentos, remédio e depois vacinas também foram transportados gratuitamente, à medida que fomos retomando a operação após a implantação dos protocolos sanitários. Creio que isso deu credibilidade para a aviação brasileira e nos colocou como um dos interlocutores importantes entre os setores econômicos do País.

BOTELHO: Como as restrições de outros países à entrada de brasileiros afetam o mercado de aviação comercial brasileiro?

SANOVICZ: As restrições nos afetam bastante. O Brasil hoje é o país que tem o segundo maior volume de restrição à entrada de seus passageiros em outros países. A África do Sul, segundo o último número que vi, tinha 116 países com algum tipo de restrição e os brasileiros, 114 países. Isso nos afeta na medida em que é consequência da maneira pela qual os diversos países do mundo reagem às informações que chegam do Brasil.


Por isso teremos o desafio de reconstruir a imagem do País. Isso é algo que não se resolve com uma canetada. Um dos desafios que teremos será a construção de um programa de retomada do Turismo nacional e também internacional, emissivo e receptivo. Portanto, há um impacto direto cuja superação deverá levar de dois a três anos."

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