'Vamos parar de chorar': aéreas garantem já estar em retomada
Presidentes de Azul, Gol e Latam dizem que momento é de voltar a vender bilhetes aéreos
"Nunca paramos de voar. O País precisava das companhias aéreas durante a crise para transporte de equipamento e profissionais da saúde e para resgate de brasileiros. O governo nos demandou e nós fizemos tudo de graça para ajudar. Isso foi muito bacana, mas já choramos muito e agora vamos parar de chorar", encorajou o presidente da Azul, John Rodgerson.
"Nós agora entendemos o quadro da pandemia e provamos que voar é seguro. Nunca dissemos que voltaríamos a voar apenas com a vacina", completou o executivo em painel com a liderança de suas concorrentes, realizado nesta segunda-feira no Abav Collab.
Na visão de Rodgerson, a curva pandêmica baixou e o sistema de saúde do País está apto para gerenciar esta crise sanitária. "Nós fizemos nossa parte e perdemos muito dinheiro, infelizmente, mas o Brasil precisa se recuperar, precisa gerar empregos, e a retomada se dá pelos céus."
"É SEGURO VOAR"
O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, concordou e acrescentou: "Não incentivamos ninguém a sair de casa durante o período de isolamento. Todo nosso esforço foi para amenizar o impacto financeiro, as despesas, junto a fornecedores e colaboradores, além de dar apoio às necessidades do poder público. Fizemos e ainda fazemos o possível para nos mantermos saudáveis financeiramente."
Protocolos postos à mesa e evidências dadas sobre a segurança em voar, o cenário agora mudou, na visão do executivo. "Temos toda razão e necessidade de estimularmos as viagens, pois os protocolos implementados na cadeia toda são o suficiente. A economia brasileira passa pela aviação, pelo Turismo, e tudo o que pregamos não se baseia em achismos, mas sim apoiados em uma base estatística. É seguro voar", completa Kakinoff.
Presidente da Abav Nacional e mediadora do painel, Magda Nassar concordou e diz que por parte do trade a toada é a mesma. "Se agora está seguro, vamos vender. Se não o fizemos antes era por falta de certeza, pois temos a obrigação de cuidar dos clientes."
APORTE EM HORA CERTA
Já Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, confessou que o desafio da liquidez foi o mais impactante para a companhia aérea, etapa esta que em sua opinião acaba de ser vencida após aprovação de aporte bilionário recebido pela aérea.
"O primeiro desafio foi liquidez. Quando as vendas despencam e os custos não acompanham esta queda, temos aí a crise instaurada. Nós enfrentamos esses meses ao tomar a decisão do Chapter 11 tanto fora do Brasil quanto na operação brasileira. Com a aprovação do crédito de US$ 2,45 bilhões, tomamos fôlego para virar a página dessa parte de liquidez para agora encarar uma segunda fase: o desafio da competitividade, saber onde disponibilizar nossos assentos", aponta Cadier. "Veremos apostas nos próximos meses entre as aéreas. Apostas para medir a demanda, para que voltemos ao patamar de 5%, 6%, 9% de crescimento,. O trade vai ser o termômetro desta demanda."
COPO MEIO CHEIO
Rodgerson também pediu otimismo à indústria de Turismo em relação à aviação. Segundo ele, o pior já passou. "As pessoas querem saber quando voltaremos às vendas maciças, mas isso não é de grande ajuda. Precisamos olhar o lado positivo: hoje estamos vendendo oito vezes mais do que abril. Não sejamos passivos, sejamos ativos. Estamos adicionando voos, cidades, vamos ser positivos", aponta.
Ele recomenda que os agentes de viagens estudem as malhas das companhias aéreas em outubro e, com a lista em mãos, consulte seus clientes, diga que está seguro voar e que as tarifas estão atrativas.
Kakinoff completa que hoje, 95% dos destinos domésticos pré-crise já estão sendo atendidos. "Claro, não com a mesma oferta de assentos, mas já é algo oito vezes maior do que no início da pandemia."
7 DE SETEMBRO, TERMÔMETRO DO LAZER
O presidente da Gol ainda apontou que o último feriado, o da Independência, em 7 de setembro, pode ser considerado um termômetro do mercado de lazer, que hoje movimenta 90% dos passageiros no País.
"Em números de passageiros, tivemos algo entre 60% e 70% do que foi o mesmo feriado em 2019. E o melhor, aguardamos com expectativa os 15 dias após o feriado e não houve picos de casos. Muito pelo contrário, a curva caiu. Isso gera boca a boca, que é a maneira mais eficiente de dar confiança para todos voltarem a viajar. O copo está mais cheio e tudo indica que até o fim do ano teremos cerca de 80% do volume de passageiros do que o mesmo período em 2019.