Danilo Teixeira Alves   |   05/08/2020 17:31
Atualizada em 05/08/2020 18:44

Latam Brasil vai demitir mais de 2,7 mil tripulantes

Em recuperação judicial, empresa aérea não chegou a um acordo com pilotos e comissários de bordo


Divulgação

DA AGÊNCIA BRASIL

A Latam anunciou que vai demitir ao menos 2,7 mil tripulantes devido à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. A empresa propôs redução permanente dos salários dos funcionários, o que não foi aceito pelos trabalhadores nas assembleias conduzidas pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).

“As circunstâncias excepcionais causadas pela pandemia resultaram em um colapso na demanda global que não apenas levou a aviação a praticamente uma paralisação, mas também mudou o setor para o futuro próximo”, justificou a empresa em nota sobre as dispensas.

A empresa disse ainda que já tinha, em outras ocasiões, tentado fazer as reduções de salário para manter a sustentabilidade financeira. “Das três empresas que atuam no Brasil é a que remunera mais os tripulantes tanto em voos domésticos quanto em internacionais, por isso, a empresa tem a necessidade de equiparar-se às práticas do setor”, acrescenta a nota da empresa.

O presidente do SNA, Ondino Dutra Cavalheiro, disse que a categoria poderia aceitar uma redução temporária, como os acordos que foram feitos com outras empresas do setor aéreo. “Embora a categoria não esteja disposta a fazer uma negociação de redução permanente de salário, a categoria e o sindicato têm disposição, sim, de continuar negociando uma redução de salário e jornada temporária para preservação dos empregos”, enfatizou em transmissão para comentar o anúncio das demissões.

Segundo Cavalheiro, a empresa informou que serão demitidos 315 comandantes, 349 copilotos e 2.058 comissários de voo. Ainda de acordo com sindicalista, houve a adesão de 139 comissários, 33 comandantes e 7 copilotos ao programa de demissão voluntária proposto pela empresa entre 31 de julho e 4 de agosto.

O diretor de relações internacionais do sindicato, Marcelo Ceriotti, expressou uma “tristeza muito grande” pelo desfecho das negociações. “É, talvez, o pior momento na história da aviação para um tripulante ficar desempregado”, ressaltou ao se dirigir à categoria.

Procurada, a assessoria da Latam Brasil afirmou que a companhia sempre esteve aberta ao diálogo e que, entre as três que atuam no País, é também a que mais remunera a classe.

Leia o posicionamento da Latam abaixo, na íntegra:

"A Latam informa que, após a confirmação do resultado da assembleia conduzida pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) na data de 31/7, teve a proposta de futura alteração do modelo de remuneração rejeitada e iniciará o processo de redução do quadro de tripulantes.

Entre 31/7, até o dia 4 de agosto a empresa abriu processo de pedido de demissão voluntária (PDV) após essa data, serão iniciados os desligamentos de no mínimo dois mil e setecentos tripulantes. A pandemia do COVID-19 representa a maior crise de saúde pública da história e está afetando drasticamente toda a indústria mundial da aviação.

A Latam é a maior e mais antiga das três empresas que atuam no Brasil e remunera mais os tripulantes tanto em voos domésticos quanto em internacionais, por isso, a empresa tem a necessidade de equiparar-se às práticas do setor. Diversas vezes essa pauta foi objeto de negociação com o sindicato, contudo a atual crise torna essa medida ainda mais imprescindível para a LATAM.

A empresa sempre esteve aberta ao diálogo com o objetivo de preservar o máximo de empregos possíveis e manter a sua sustentabilidade no longo prazo."

Atualizada 18:45

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