O que esperar da aviação nos próximos meses - Parte 1
A aviação sempre foi um mercado muito dinâmico. Mas, se tem algo que podemos dizer é que 2019 foi um ano atípico. No mínimo, diferente dos últimos anos
A aviação sempre foi um segmento muito dinâmico. Seja pela chegada de novos players, novos aviões, turnover de colaboradores que migram para a concorrência (ou que mudam de setores, como já falamos na Revista PANROTAS), novos destinos, novas tecnologias, novos produtos, cancelamentos de voos... falências...
Mas, se tem algo que podemos dizer é que 2019 foi atípico. Ou, no mínimo, diferente dos últimos anos. Mas similar a outros anos que já nem lembrávamos direito. Vimos uma empresa com 13% do mercado cancelar todos os seus voos e deixar passageiros (e todo o trade) em uma situação complicada, estamos discutindo a revogação da franquia de bagagem gratuita, abrimos às empresas 100% ao capital estrangeiro, estamos vendo a chegada das low costs, acompanhamos a disputa por slots em Congonhas e vimos a chegada de uma nova companhia na rota mais movimentada do País, a ponte aérea RJ-SP.
Mas, afinal, o que as três aéreas nacionais – Azul, Gol e Latam – ainda esperam de 2019? Preparamos uma série em cinco capítulos, um por dia, começando hoje.
A Azul, terceira maior empresa do Brasil, pretende se consolidar na ponte aérea, rota que estreou no último dia 29. Segundo o diretor de Alianças da empresa, Marcelo Bento, estar nesta rota representa uma oportunidade de colocar a Azul e o seu atendimento na maior vitrine para os consumidores do transporte aéreo no Brasil. “É um público muito qualificado, que passará a conhecer ainda mais o nosso produto”, afirma ele. Para uma operação mais consistente entre os dois aeroportos centrais, a empresa precisou descontinuar os voos que partiam de Congonhas para Curitiba e Porto Alegre. O presidente John Rodgerson disse ao PANROTAS que iria apresentar a Azul ao eixo Faria Lima-Leblon.
Com o fim da Avianca Brasil, a Azul conseguiu aumentar sua presença no mercado doméstico, principalmente com a incorporação de novos A320 (alguns deles da própria Avianca Brasil) em sua frota. De acordo com o executivo, esse fator levará a companhia a um crescimento de 20% na oferta. “Esse aumento foi menor no primeiro semestre, mas será compensando no segundo”, afirma.
Novos destinos também estão nos planos da Azul. Umuarama e Guarapuava, no Paraná, Serra Talhada, em Pernambuco, e Araraquara, em São Paulo, deverão ser lançados ainda este ano. Já Araguaína, no Tocantins, Caruaru, em Pernambuco, e Santos, no litoral paulista, ficam para 2020. No internacional, a companhia voará de Belo Horizonte a Fort Lauderdale (EUA), a partir de dezembro. A empresa também aguarda a internacionalização do aeroporto de Cuiabá para voar de lá para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. “Assim que ela [a intercionalização] ocorrer, pretendemos começar a operar imediatamente”, disse o executivo.
E A GOL?
“A expectativa para o segundo semestre é positiva para a Gol, com impulso tanto do segmento corporativo como de lazer. Tivemos um importante incremento de oferta especialmente no último trimestre, e estamos investindo nos principais hubs da companhia – Guarulhos, Galeão, Brasília e Congonhas, para fortalecer a operação doméstica e internacional”, disse o diretor de Canais e Vendas da Gol, Renzo Mello.
Para o diretor, a redução do ICMS no querosene de aviação em diversos Estados tem sido fundamental para o desenvolvimento do setor aéreo e, consequentemente, da economia dos Estados para o próximo semestre, ao possibilitar a abertura de novas bases e implementação de novos voos, com importante fomento ao Turismo.
A expansão regional também está em linha com o planejamento estratégico da companhia de ampliar a oferta no País. A empresa possui parceria com a Passaredo, Map e recentemente foi anunciada novos voos com a TwoFlex para aeroportos regionais no Norte (Amazonas e Belém) e Sul (Rio Grande do Sul e Paraná) e Centro-Oeste (Mato Grosso).
Sobre a possibilidade de novos voos, Mello explica que “a malha da Gol é dinâmica e constantemente revisada para melhor atender a demanda de seus clientes e os movimentos do mercado.” Dos destinos já anunciados pela aérea estão Araçatuba, a partir de novembro, Cabo Frio, no Rio de Janeiro, operados de forma sazonal a partir de dezembro, e para 2020, a inauguração de Dourados, no Mato Grosso do Sul.
LATAM DE VOLTA
Uma das principais novidades da Latam em 2019 sem dúvida foi a revitalização do design do interior de suas aeronaves de longa distância e também os aviões da Família Airbus, responsáveis pelos voos domésticos da companhia. Na semana passada, a Latam apresentou o primeiro Boeing 777 totalmente revitalizado e disse que quatro Airbus com a nova cabine já estão voando pelo Brasil.
No último dia 21 de agosto, a companha lançou voos com saídas de Brasília para Santiago, no Chile; Lima, no Peru, e Assunção, no Paraguai. As rotas para Santiago e Lima, já disponíveis para venda, começam em 15 de outubro e 14 de novembro, respectivamente. A operação para Assunção estreia em dezembro, mas os detalhes ainda não foram divulgados pela Latam.
No doméstico, as aeronaves também serão revitalizadas e a Latam está mudando os horários de voos em hubs como Brasília (já implantada a mudança), Guarulhos, Santos Dumont e Fortaleza, para reconquistar o público corporativo. Os novos produtos, os novos horários, a liderança operacional no ano (em pontualidade e regularidade) e a incorporação do Multiplus, que ganhará novo nome e será relançado este mês, são os trunfos da Latam para voltar ao jogo dos viajantes a negócios.
“Celebramos estes números com os parceiros em um ano difícil para a aviação. Entre as boas novas, destacamos a recontratação de centenas de colegas que ficaram sem trabalho por conta do fim das operações da Avianca BRasil”, diz o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz. Para o Secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinícius Lummertz, os novos voos já estão impactando a economia do Estado: “O IBGE mostrou que o Turismo em SP cresceu 7,7% no primeiro semestre, e o emprego 4,4%, números bem superiores à média nacional."
DEPOIS DA TURBULÊNCIA
O secretário de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, também mostra otimismo e vislumbra uma retomada de oferta, ocasionada pela chegada de novos aviões nas frotas das companhias nacionais. Ainda na opinião dele, com esse crescimento, a expectativa é que os preços – que aumentaram após o fim das operações da Avianca Brasil – caiam novamente. “A tendência é que as tarifas e a oferta voltem a um patamar diferente do que vimos entre abril e junho. Como passageiro eu tenho percebido isso, pois eu já consigo comprar passagens mais baratas”, afirma ele.
Outro ponto destacado pelo secretário é o movimento de redução de ICMS que tem atingido todo o País. “O ambiente de negócios no Brasil está melhorando como um todo. Já estamos vendo na prática as três companhias aéreas anunciarem quase que semanalmente novos voos ou aumento de frequência. Isto é graças a redução de ICMS que os governos de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, entre outros, estão praticando. Devemos encerrar 2019 muito melhor do que começamos”, avaliou ele.
Nossa série sobre Aviação continua amanhã e segue até sexta-feira. Não perca.
- Especial Aviação (Parte 3): bagagem grátis é boa para quem?
- Especial Aviação (Parte 4): a relação das aéreas com a tecnologia;
Mas, se tem algo que podemos dizer é que 2019 foi atípico. Ou, no mínimo, diferente dos últimos anos. Mas similar a outros anos que já nem lembrávamos direito. Vimos uma empresa com 13% do mercado cancelar todos os seus voos e deixar passageiros (e todo o trade) em uma situação complicada, estamos discutindo a revogação da franquia de bagagem gratuita, abrimos às empresas 100% ao capital estrangeiro, estamos vendo a chegada das low costs, acompanhamos a disputa por slots em Congonhas e vimos a chegada de uma nova companhia na rota mais movimentada do País, a ponte aérea RJ-SP.
Mas, afinal, o que as três aéreas nacionais – Azul, Gol e Latam – ainda esperam de 2019? Preparamos uma série em cinco capítulos, um por dia, começando hoje.
A Azul, terceira maior empresa do Brasil, pretende se consolidar na ponte aérea, rota que estreou no último dia 29. Segundo o diretor de Alianças da empresa, Marcelo Bento, estar nesta rota representa uma oportunidade de colocar a Azul e o seu atendimento na maior vitrine para os consumidores do transporte aéreo no Brasil. “É um público muito qualificado, que passará a conhecer ainda mais o nosso produto”, afirma ele. Para uma operação mais consistente entre os dois aeroportos centrais, a empresa precisou descontinuar os voos que partiam de Congonhas para Curitiba e Porto Alegre. O presidente John Rodgerson disse ao PANROTAS que iria apresentar a Azul ao eixo Faria Lima-Leblon.
Com o fim da Avianca Brasil, a Azul conseguiu aumentar sua presença no mercado doméstico, principalmente com a incorporação de novos A320 (alguns deles da própria Avianca Brasil) em sua frota. De acordo com o executivo, esse fator levará a companhia a um crescimento de 20% na oferta. “Esse aumento foi menor no primeiro semestre, mas será compensando no segundo”, afirma.
Novos destinos também estão nos planos da Azul. Umuarama e Guarapuava, no Paraná, Serra Talhada, em Pernambuco, e Araraquara, em São Paulo, deverão ser lançados ainda este ano. Já Araguaína, no Tocantins, Caruaru, em Pernambuco, e Santos, no litoral paulista, ficam para 2020. No internacional, a companhia voará de Belo Horizonte a Fort Lauderdale (EUA), a partir de dezembro. A empresa também aguarda a internacionalização do aeroporto de Cuiabá para voar de lá para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. “Assim que ela [a intercionalização] ocorrer, pretendemos começar a operar imediatamente”, disse o executivo.
E A GOL?
“A expectativa para o segundo semestre é positiva para a Gol, com impulso tanto do segmento corporativo como de lazer. Tivemos um importante incremento de oferta especialmente no último trimestre, e estamos investindo nos principais hubs da companhia – Guarulhos, Galeão, Brasília e Congonhas, para fortalecer a operação doméstica e internacional”, disse o diretor de Canais e Vendas da Gol, Renzo Mello.
Para o diretor, a redução do ICMS no querosene de aviação em diversos Estados tem sido fundamental para o desenvolvimento do setor aéreo e, consequentemente, da economia dos Estados para o próximo semestre, ao possibilitar a abertura de novas bases e implementação de novos voos, com importante fomento ao Turismo.
A expansão regional também está em linha com o planejamento estratégico da companhia de ampliar a oferta no País. A empresa possui parceria com a Passaredo, Map e recentemente foi anunciada novos voos com a TwoFlex para aeroportos regionais no Norte (Amazonas e Belém) e Sul (Rio Grande do Sul e Paraná) e Centro-Oeste (Mato Grosso).
Sobre a possibilidade de novos voos, Mello explica que “a malha da Gol é dinâmica e constantemente revisada para melhor atender a demanda de seus clientes e os movimentos do mercado.” Dos destinos já anunciados pela aérea estão Araçatuba, a partir de novembro, Cabo Frio, no Rio de Janeiro, operados de forma sazonal a partir de dezembro, e para 2020, a inauguração de Dourados, no Mato Grosso do Sul.
LATAM DE VOLTA
Uma das principais novidades da Latam em 2019 sem dúvida foi a revitalização do design do interior de suas aeronaves de longa distância e também os aviões da Família Airbus, responsáveis pelos voos domésticos da companhia. Na semana passada, a Latam apresentou o primeiro Boeing 777 totalmente revitalizado e disse que quatro Airbus com a nova cabine já estão voando pelo Brasil.
No último dia 21 de agosto, a companha lançou voos com saídas de Brasília para Santiago, no Chile; Lima, no Peru, e Assunção, no Paraguai. As rotas para Santiago e Lima, já disponíveis para venda, começam em 15 de outubro e 14 de novembro, respectivamente. A operação para Assunção estreia em dezembro, mas os detalhes ainda não foram divulgados pela Latam.
No doméstico, as aeronaves também serão revitalizadas e a Latam está mudando os horários de voos em hubs como Brasília (já implantada a mudança), Guarulhos, Santos Dumont e Fortaleza, para reconquistar o público corporativo. Os novos produtos, os novos horários, a liderança operacional no ano (em pontualidade e regularidade) e a incorporação do Multiplus, que ganhará novo nome e será relançado este mês, são os trunfos da Latam para voltar ao jogo dos viajantes a negócios.
APÓS REDUÇÃO DE ICMS
Somente no Estado de São Paulo, as companhias aéreas fecharam os números de agosto completando 503 voos anunciados desde fevereiro, quando o governador João Doria decidiu reduzir a alíquota de ICMS sobre o combustível dos aviões de 25% para 12%. Destes 503, 478 já entraram em operação.“Celebramos estes números com os parceiros em um ano difícil para a aviação. Entre as boas novas, destacamos a recontratação de centenas de colegas que ficaram sem trabalho por conta do fim das operações da Avianca BRasil”, diz o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz. Para o Secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinícius Lummertz, os novos voos já estão impactando a economia do Estado: “O IBGE mostrou que o Turismo em SP cresceu 7,7% no primeiro semestre, e o emprego 4,4%, números bem superiores à média nacional."
DEPOIS DA TURBULÊNCIA
O secretário de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, também mostra otimismo e vislumbra uma retomada de oferta, ocasionada pela chegada de novos aviões nas frotas das companhias nacionais. Ainda na opinião dele, com esse crescimento, a expectativa é que os preços – que aumentaram após o fim das operações da Avianca Brasil – caiam novamente. “A tendência é que as tarifas e a oferta voltem a um patamar diferente do que vimos entre abril e junho. Como passageiro eu tenho percebido isso, pois eu já consigo comprar passagens mais baratas”, afirma ele.
Outro ponto destacado pelo secretário é o movimento de redução de ICMS que tem atingido todo o País. “O ambiente de negócios no Brasil está melhorando como um todo. Já estamos vendo na prática as três companhias aéreas anunciarem quase que semanalmente novos voos ou aumento de frequência. Isto é graças a redução de ICMS que os governos de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, entre outros, estão praticando. Devemos encerrar 2019 muito melhor do que começamos”, avaliou ele.
Nossa série sobre Aviação continua amanhã e segue até sexta-feira. Não perca.
Leia toda a série especial sobre a aviação no Brasil:
- Aviação nos próximos meses - Parte 2: as aéreas low cost;
- Especial Aviação (Parte 3): bagagem grátis é boa para quem?
- Especial Aviação (Parte 4): a relação das aéreas com a tecnologia;