Artur Luiz Andrade   |   12/07/2019 09:09
Atualizada em 15/07/2019 09:10

Luiz Teixeira, o Tex, deixa a Delta Air Lines — e vai para a Gol

Depois de 23 anos na área comercial da Delta Airlines no Brasil, Luiz Teixeira iniciará o desafio de ser country manager da Gol nos Estados Unidos. Saiba mais


Emerson Souza
Luiz Henrique Teixeira com o VP Nicolas Ferri, Gail Grimmett e o CEO da Delta, Ed Bastian
Luiz Henrique Teixeira com o VP Nicolas Ferri, Gail Grimmett e o CEO da Delta, Ed Bastian
Segundo funcionário contratado pela Delta Air Lines no Brasil, lá nos idos de 1997, quando a companhia aérea americana iniciou operações no País, Luiz Henrique Teixeira, que o trade passou a chamar de Tex, encerra agora em julho “este livro de 23 anos, ou melhor, capítulos” em sua vida, de acordo com suas próprias palavras. Ciclo encerrado com muitas conquistas e desafios, mas um novo livro começa a ser escrito no dia 5 de agosto, quando ele assume a posição de country manager da Gol Linhas Aéreas nos Estados Unidos.

Sim, Teixeira e a família (a esposa Regina e a filha Sophia) se mudarão para Orlando no final do mês. E ele falou ao Portal PANROTAS sobre esses 23 anos de Delta, mais de 30 de Turismo e as conquistas que ficarão para sempre. “É uma mistura de emoções. A tristeza e a saudade das pessoas e da empresa que me acolheu por 23 anos, a alegria do novo desafio, a ansiedade por mudar de país com a família, o que tem me rejuvenescido, confesso... tem sido uma experiência incrível e só tenho a agradecer”, sintetizou.
Emerson Souza
Família de mudança para Orlando: Tex, Sophia e Regina
Família de mudança para Orlando: Tex, Sophia e Regina

O COMEÇO NO TURISMO

Luiz Teixeira entrou na Varig em 1983 e seu chefe, vejam vocês, era Cássio Salles de Oliveira, com quem Tex trabalhou em contato direto nas empresas por onde passou. Cássio, ao lado de Carlos Vazquez, ex-Esferatur, e Duda Vasconcellos, da Kontik, são, segundo ele, três “brothers” que ele fez nessa trajetória e que leva para a vida (sobre os gurus e mentores falaremos a seguir).

Depois da Varig passou pela Expansão (empresa que não existe mais) e ficou apenas um dia na Flytour. “Cheguei para trabalhar mas tinha um recado para eu comparecer ao escritório da American Airlines para pegar um pacote”, relembra.

O “pacote” era um bilhete para os Estados Unidos, onde fez uma entrevista para o time do Sabre no Brasil. Foi aprovado e começou na AA/Sabre, com a benção e aval de Elói D’Ávila de Oliveira. “Ele entendeu que a oportunidade era muito boa”. Elói, aliás, é um dos mentores e gurus que Teixeira faz questão de citar e agradecer nessa entrevista à PANROTAS. Quem o conhece e acompanha sabe que os outros dois, obviamente, são Juarez Cintra, da Ancoradouro, e Goiaci Guimarães, então da Rextur, que aparecerão mais para frente com papeis decisivos na trajetória do executivo.

Após a experiência no Sabre (nessa época a American era dona do GDS e não havia distinção de equipes, portanto, ele era funcionário AA), Luiz Teixeira passou pela Hertz e pelo Favecc, entidade que deu origem à atual Abracorp.


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DELTA NO BRASIL

O ano era 1997, e Delta Air Lines e Continental Airlines estavam chegando ao Brasil. Como diretor do Favecc, então, ele sugeriu a Amauri Caldeira e Goiaci Guimarães que os diretores dessas empresas fossem convidados para uma reunião com os associados.

O diretor da Delta, Dieter Hofele, no encontro com o Favecc, pediu diversos conselhos e sugestões a Teixeira. “Isso se repetiu outras vezes e quando um vice-presidente da companhia veio ao País, ele me chamou e fez a proposta (e ainda disse que havia recebido algumas boas indicações pelo menu nome, como do próprio Goiaci). Aceitei e em 1º de setembro de 1997 iniciei na Delta, que tinha um voo diário no Brasil, o Rio-São Paulo-Atlanta-Cincinatti, com um 767 comprado de última hora de uma empresa árabe. Só deu tempo de trocar a pintura externa, por dentro, muitas informações estavam também em árabe”, relembra.

Teixeira era o gerente em São Paulo, e Hofele ficava no Rio de Janeiro (a maioria das companhias, na década de 1990, tinha sede na Cidade Maravilhosa, o que mudou nos anos 2000).

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Luiz Henrique Teixeira e a esposa, Regina
Luiz Henrique Teixeira e a esposa, Regina
O desafio naquela época era divulgar Atlanta como destino e o conceito de hub de distribuição de voos. “No Brasil só se vendia bilhete para Miami e Nova York. Fizemos mouse pad com o mapa dos Estados Unidos, divulgamos o que era um hub e conseguimos colocar Atlanta no dia a dia do trade e dos viajantes”, conta, lembrando que a própria American havia tentado iniciar voos para Dallas a partir do Brasil, teve de recuar e só voltou quando a Pan Am fechou, e com rotas mais conhecidas.

Três anos depois Teixeira já estava desenhando um projeto de GSAs, para ajudar nas vendas pelo Brasil, e o primeiro deles foi exatamente a Ancoradouro, de Juarez Cintra, que acabou virando uma referência quando o tema era Delta Air Lines. Depois vieram outros, como a Rextur e a Flytour, com quem tinha contato desde a época de Sabre e Favecc.

UM ANO NO PERU
Em 2000, recém-casado com Regina, com quem está até hoje (há 19 anos, menos que o "casamento" com a Delta, diga-se), a companhia lhe designou para a missão de fazer a base de Lima, no Peru, ser rentável. “O Christophe Didier entrou em 1999 como country manager e o Brasil era uma espécie de laboratório para a região. Abrimos Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia e os treinamentos eram feitos no Brasil. Mas os resultados no Peru não iam bem, então cheguei a Lima com essa missão”.

E o casamento? “Voltava todo final de semana, afinal, tinha acabado de casar e não dava para levá-la para lá”, relembra. Em seis meses a base de Lima já estava dando dinheiro e ele ficou outros seis, até retornar para São Paulo, onde atuou como gerente regional, diretor comercial e, mais recentemente, head comercial e de Institutional Affairs.

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ERA O ANO DE 2001

Tex retornou ao Brasil no começo de 2001 e em setembro todos já sabem o que ocorreu. Com o ataque às torres gêmeas, os negócios pararam e o time de vendas teve de usar a criatividade e contar com o apoio do trade para que as vendas continuassem. “Quem salvou a pátria foi o lazer. Fizemos vários pacotes com as operadoras e em dois meses conseguimos embarcar cinco mil passageiros para viagens para a Flórida e outros destinos”.

O mercado melhorou, já em 2002 a Delta operava os voos Rio-Atlanta e São Paulo-Atlanta e as perspectivas eram de uma relação duradoura com o Brasil, o que se mantém até hoje. “A Delta sabe que o Brasil é estratégico e sabe como funciona a sua economia. Posso afirmar que a empresa está olhando já à frente e pronta para quando a economia decolar de novo”, afirma ele, que participou da abertura de voos de São Paulo para Detroit, Orlando e Los Angeles, e de Manaus, Recife, Fortaleza e Brasília para Atlanta. Nenhum desses existe mais, mas, de acordo com ele, era outra época e com outras condições.

“Era preciso uma Embratur forte e ativa divulgando o Brasil nos Estados Unidos. Não tínhamos isso. Os voos vendiam bem aqui, mas não nos Estados Unidos. O Nordeste concorria com o Caribe e o americano preferia ir para o segundo, mais perto, mais barato e sem necessidade de visto. Hoje, a questão do visto melhorou, mas é preciso divulgar isso por lá. Os americanos precisam saber que é possível e fácil, e maravilhoso, visitar os destinos brasileiros”, analisa. Hoje a companhia voa de São Paulo para Nova York e Atlanta e do Rio de Janeiro para Atlanta.

Emerson Souza
Luiz Henrique Teixeira premiado pela PANROTAS
Luiz Henrique Teixeira premiado pela PANROTAS
MARCOS DA DELTA

A principal marca da Delta Air Lines no País, segundo ele, é o carinho, a atenção e a simpatia com que é tratada pelo trade e pelos passageiros. “Isso faz a diferença. Quando em 2007 passamos um ano nos reestruturando no Chapter 11 e na sequência iniciamos a fusão com a Northwest, no que foi o nosso maior desafio, o trade não deixou de nos vender e sempre nos apoiou”, garante.

Segundo ele, da fusão com a Northwest surgiu uma empresa tão simpática quanto a anterior (com DNA do Sul dos Estados Unidos), mas mais eficiente, focada em pontualidade, em gestão, números. “O melhor de cada uma fez da Delta uma nova empresa, bem melhor, o que significou um salto imenso para a companhia, visível em produtos, aeronaves, nos hubs, como em Atlanta, e no empenho cada vez maior dos funcionários, sem perder a tal da simpatia sulista”.

“Todos podem equiparar em produtos e a Delta investiu no que há de melhor, com a Delta One e outros produtos em terra e nos voos mas a disponibilidade da equipe 24 horas, o atendimento a bordo, a simpatia... isso faz a diferença. Sempre fez”.

Emerson Souza
Luiz Henrique Teixeira com Luciano Macagno
Luiz Henrique Teixeira com Luciano Macagno
RELACIONAMENTO/RECONHECIMENTO

Em outra conversa informal com os então diretores da Gol Marcelo Bento e Ciro Camargo, Luiz Teixeira e Christophe Didier falavam de ter uma parceria entre as companhias, como um acordo interline. Em 2011 a parceria virou sociedade (a Delta investiu na Gol) e uma relação estreita com muita troca de experiência, tecnologia e conhecimento.

“Nossa relação com a Gol foi sempre muito boa, e com a intensificação da parceria ambos crescemos. Soube este ano que a Gol estava procurando um executivo para uma posição nos Estados Unidos e resolvi me candidatar. Foi um processo seletivo normal e fui selecionado. Encerro então esse belo livro de 23 capítulos e inicio outro, com alma rejuvenescida”.

Emerson Souza
Luiz Henrique Teixeira e Juarez Cintra
Luiz Henrique Teixeira e Juarez Cintra
Segundo ele, todo o aprendizado e as relações que construiu na Delta trazem um sentimento de gratidão e dever cumprido. Quando se sentiu mais realizado? “Entre muitos momentos, quando meu trabalho em Lima deu resultado imediato, e quando a PANROTAS, sem querer puxar saco de vocês, me escolheu como um dos 50 mais Poderosos do Turismo. Sempre tive uma ótima relação com vocês, com o Don Guillermo, agora com o Zé, e com você, Artur, e não preciso bajular, mas fiquei muito feliz com aquele reconhecimento, bem no início da Power List da PANROTAS”, constata.

Beatrice Teizen
Com Fábio Camargo, diretor Brasil, Eduardo Kina e Rodrigo Sienra
Com Fábio Camargo, diretor Brasil, Eduardo Kina e Rodrigo Sienra
Emerson Souza
Um dos times de Tex na Delta
Um dos times de Tex na Delta
Também tem orgulho de ver profissionais que trabalharam como ele como Mauricio Parise (na Delta em Atlanta), Delia Ortega (na Delta em Lima) e Monica Afonso (na High Light), entre outros, seguirem, carreira de sucesso. “E ver como a Delta se modernizou com a entrada de nomes como o Luciano (Macagno) ou o Fábio (Camargo), mas aproveitando a experiência de gente como eu, a Giovana e o Ari, por exemplo. Essa bagagem levarei para meu novo momento com a minha família, em uma nova empresa, que conheço bem, e com muito entusiasmo, além da saudade”.

Emerson Souza
Luiz Henrique Teixeira com Christophe Didier nos 15 anos de Delta no Brasil
Luiz Henrique Teixeira com Christophe Didier nos 15 anos de Delta no Brasil
PRÓXIMOS PASSOS

Teixeira promete mais novidades sobre a Gol em breve; diz que continuará próximo do trade, esperando todos nos Estados Unidos, e sempre com o carimbo de Delta em sua trajetória, uma empresa que, além do carinho e orgulho, leva o fato de conhecer praticamente todo mundo, do CEO aos mais novos. “Só tenho a agradecer”, finaliza.

Emerson Souza
Luiz Henrique Teixeira, da Delta para a Gol
Luiz Henrique Teixeira, da Delta para a Gol
Confira no álbum abaixo, um pouco da trajetória de Luiz Teixeira na Delta Air Lines e no Turismo brasileiro.



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