Leonardo Ramos   |   11/12/2018 15:03

Segmento Mice precisa criar comunicação direta com aéreas

Em evento da Alagev, Gol e Air France-KLM apontam necessidade dos planejadores de eventos de criarem uma linha de conexão direta com aéreas para melhorar setor

Emerson Souza
Mesa de debate da Alagev reuniu Anderson Wolff, da Gol, Denis Ribeiro, da AF-KLM, Thiago Campos, da Omnibees, Juan Andrade, da GJP, e Celso Andrade, da April, com o presidente da associação, Rodrigo Cezar
Mesa de debate da Alagev reuniu Anderson Wolff, da Gol, Denis Ribeiro, da AF-KLM, Thiago Campos, da Omnibees, Juan Andrade, da GJP, e Celso Andrade, da April, com o presidente da associação, Rodrigo Cezar

As empresas e gestores Mice precisam melhorar sua comunicação com a aviação. Colocar a companhia na mesa de negociações ao planejar o evento, de modo que o segmento aéreo possa entender as necessidades dos planejadores e, na hora de servir o cliente final, consiga prover um serviço de maior qualidade e adequado para o perfil de viajante do setor.

A cobrança foi manifestada pelo gerente comercial corporativo da Gol, Anderson Wolff, e também pelo gerente de Vendas da Air France/KLM para São Paulo, Denis Ribeiro, durante evento da Alagev na manhã desta terça-feira (11), na capital paulista. Para ambos, falta aos gestores de eventos criar uma linha de comunicação mais direta com as empresas aéreas ao planejar um encontro, característica que o setor de viagens corporativas já desenvolveu e que pode (e deve) ser aproveitado pelo Mice.

Emerson Souza
Denis Ribeiro, da Air France-KLM
Denis Ribeiro, da Air France-KLM

“Quando quem negocia Mice não conversa com quem faz corporativo, notamos um grande gap de comunicação. Temos ótimos contatos no ramo de viagens de negócio, mas o Mice, ao invés de negociar com a gente, muitas vezes acaba optando por outros canais, e sem essa comunicação nós nos perdemos, e não atendemos vocês do jeito que gostaríamos de atender”, explica Ribeiro no encontro que reuniu gestores da Alagev.

Anderson Wolff não só apoia o executivo da Air France-KLM, como critica empresas em que o responsável por organizar os eventos fica isolado do gestor de viagens de negócios, seja ele interno ou externo.

E o caminho sugerido é exatamente um intercâmbio de experiências e práticas entre estas duas áreas. O segmento corporativo, com profissionais especializados em negociar diretamente com companhias - os travel managers, ou as TMCs -, ficaria, assim, responsável por dar auxílio ao Mice, seja planejando propriamente as viagens na organização do evento, ou apenas indicando o caminho para negociar melhores condições e uma personalização do atendimento com companhias aéreas.

Emerson Souza
Anderson Wolff, da Gol
Anderson Wolff, da Gol

“É um cliente mais especial, com necessidades diferentes. Então precisamos dessa conexão, para atender melhor as viagens de grupos para eventos. E, afinal, o que criamos para esses clientes o viajante de lazer também usufrui, é um processo de melhoria de atendimento que segue para o restante da cadeia de nossos clientes”, resume o gerente comercial corporativo da Gol. “Então esse é nosso desafio para 2019 para o segmento: estabelecer essa comunicação, participar da mesa de negociação com os meeting planners e assim melhorar nosso serviço”, conclui Wolff.

Por parte da Alagev, quem se manifestou sobre o assunto foi o presidente da entidade, Rodrigo Cezar, que corroborou a fala dos executivos de Gol e Air France-KLM. “O corporativo tá lá, e área de eventos também, mas muitas vezes eles nem se falam. E com isso chegamos a conclusão que o desafio é melhorar a comunicação”, comentou Cezar, antes de concluir: “É triste termos uma evolução tão grande no corporativo e tão mínima nos grupos. Ou fazemos isso, ou nos apoiaremos em tecnologias que não conversam com o viajante de eventos.”

Emerson Souza
Rodrigo Cezar, da Alagev
Rodrigo Cezar, da Alagev


HOTELARIA SEGUE A ONDA

Os dois convidados da mesa voltados para o setor hoteleiro seguiram a lógica das companhias aéreas, e destacaram a necessidade de uma melhora na comunicação no mercado de eventos - mas por diferentes motivos.

Representando o ramo estava o diretor da fornecedora de tecnologia para a indústria hoteleira Omnibees, Thiago Campos, e o diretor de Revenue Management da GJP Hotéis, Juan Andrade.

Para Andrade, a falha de comunicação leva os planejadores de eventos a optarem por canais de distribuição mais caros, e que acabam tornando o negócio "menos vantajoso para ambos os lados" do que poderia ser. "Cada canal de distribuição vai ter um valor diferente para os hotéis. Então, usando um canal mais benéfico e barato, consigo ceder uma tarifa menor para o cliente. Mas para isso, precisa ter este diálogo", resume o executivo da GJP.

Já na visão do executivo da Omnibees a falta de uma maior maturidade de comunicação entre os diversos lados do planejamento de um evento levam à queda de sua qualidade. "Os melhores resultados são atingidos quando sentamos nós, agência, empresa e hotel, para entender as demandas de cada um e, a partir disso, conseguir atendê-las", encerra Thiago Campos.

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