123 Milhas seguiu dando golpe em operadoras conhecidas, aponta portal
OTA soma mais de R$ 130 milhões em dívidas com parceiros de Turismo, diz reportagem do Uol
Em agosto do ano passado, quando a 123 Milhas entrava com seu pedido de recuperação judicial, a agência de viagens on-line começou a dar calote em operadoras e ainda responsabilizava as mesmas pela inadimplência quando recebia queixas dos clientes. É o que aponta uma denúncia feita hoje pelo portal Uol.
O suposto golpe está longe de ser desconhecido para quem trabalha na indústria do Turismo: agência recebe o dinheiro do cliente e não repassa para o fornecedor, nesse caso a operadora. A reserva é cancelada e a agência não reembolsa, ainda por cima culpando a operadora ao cliente frustrado.
Iterpec, EZLink e Diversa Turismo são mencionadas na matéria como as maiores credoras, com dívidas de R$ 25 milhões, R$ 15 milhões e R$ 13 milhões, respectivamente. Iterpec e EZLink conseguiram na justiça a isenção de responsabilidade solidária no caso 123 Milhas.
Segundo o Uol, quatro fontes foram ouvidas e confirmam o procedimento delitoso. Uma ex-supervisora da 123 Milhas aponta ao Uol que a OTA tinha negócios com mais de 20 operadoras antes da crise e, por meio delas, mantinha relação com diversos hotéis do Brasil e Exterior.
O Uol também revela, por meio de uma fonte não identificada, que a 123 Milhas já não era bem-vista no mercado hoteleiro há muito tempo. Um ex-gerente contou ao portal que a agência fazia concorrência desleal para ser mais competitiva, com tarifas até 15% menores. "Vários hotéis tentaram bloquear a 123, mas, como ela usava brokers, não conseguiam", aponta a fonte ouvida pelo Uol.
A 123 Milhas deve mais de R$ 130 milhões a operadoras, segundo levantamento feito pelo site. Na mesma matéria, a 123 Milhas diz à reportagem que todos os créditos referentes às reservas realizadas antes de 29 de agosto de 2023 - e não pagas pela empresa - serão incluídos na recuperação judicial.
Em dezembro de 2023, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decretou a retomada imediata da recuperação judicial da 123 Milhas. O processo estava estava suspenso desde setembro daquele mesmo ano, por solicitação do Banco do Brasil, um dos credores da empresa.
A 123 Milhas já veio a público para responder as acusações. O texto enviado pela agência de viagens on-line na íntegra pode ser lido a seguir:
"A 123milhas sempre honrou seus compromissos com fornecedores e operadores. Após o pedido de recuperação judicial, protocolado em 29/08/23, no entanto, a empresa ficou impedida por lei de realizar quaisquer pagamentos a parceiros. Todos os créditos referentes às reservas realizadas antes do pedido de RJ – e não pagas pela empresa - serão incluídos em um plano de recuperação judicial, com opções para que o credor possa escolher a melhor forma de receber seus recursos. O plano deverá ser aprovado pela maioria dos credores, nos termos da lei, e homologado pela Justiça. Os cancelamentos de reservas de clientes efetuados por operadores e fornecedores ocorreram de maneira unilateral sem o consentimento da 123Milhas".