CEO da Decolar ataca 123 Milhas: "esquema de pirâmide"
Damián Scokin cita surpresa com tolerância do Brasil e do trade com modelo de negócios da 123 Milhas
Em entrevista ao Brazil Journal, Damián Scokin, CEO da Decolar, reforçou sua crítica ao modelo de negócios da 123 Milhas, o qual classificou como esquema Ponzi, e afirmou não entender como o mercado de Turismo brasileiro tolerou a empresa e suas práticas por tantos anos. O líder desta que é uma das maiores empresas de viagens latino-americanas acredita que a Decolar foi prejudicada nos últimos anos por tal concorrência, mas pondera que agora já está preenchendo um vácuo da empresa ao registrar maior tráfego no site e volume de vendas nas últimas semanas.
"O Brasil é um país sério, com autoridades em geral muito protetoras do consumidor. Eu fico tremendamente surpreso que autoridades brasileiras e alguns participantes da indústria toleraram isso por dois, três anos. Isso era um esquema Ponzi – aqui, no Uruguai, na China, em qualquer lugar do mundo"
Damián Scokin, CEO da Decolar, em entrevista ao portal Brazil Journal
Scokin também explicou que a Decolar foi "severamente prejudicada" com a 123 Milhas, já que "um cara que vendia coisas que não ia entregar, podia gastar uma grana com marketing, por exemplo. Você vai a Guarulhos e o aeroporto está lotado de propagandas deles. Se você vende coisas que não vai entregar é muito fácil fazer isso."
Ao ser perguntado pelo Brazil Journal se o setor imaginaria que a empresa fracassaria em algum momento, o CEO da Decolar afirmou: "Com certeza. Você conhece algum mercado em que a pessoa venda o serviço por um quarto do preço e você não tem certeza da data que vai receber, mas eles dizem que vai acontecer dois anos para frente? Eu não conheço nenhum mercado. E isso aconteceu por dois, três anos!"
"Se alguém do setor reagir com: ‘ah, como isso aconteceu?’, vai ser uma piada. Todo mundo sabia".
Damián Scokin, CEO da Decolar, ao portal Brazil Journal
CPI das Pirâmides
Esta semana, a ministra do STF Carmen Lúcia rejeitou pedido para a suspensão da quebra de sigilo das contas dos sócios da 123 Milhas, incluindo ponderação de que a quebra de sigilo requisitada pela CPI das Pirâmides Financeiras é "legal e justificada".
Em sua apelação ao STF, a defesa dos sócios da companhia alegou que não há "cabimento a suspeita de que os negócios da 123 Milhas envolvam pirâmide financeira". Isso se justificaria pela empresa não praticar serviços financeiros ou trabalhar em esquema de pirâmide.
Mas, na decisão, também é citado m documento do presidente da CPI, Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), em que ele aponta que a 123 Milhas "pode configurar uma pirâmide financeira". "Cabe esclarecer que o argumento de que os serviços prestados pela impetrante não têm caráter financeiro não afasta a sua classificação de 'pirâmide financeira'", afirma o deputado.