Beatriz Contelli   |   20/04/2021 16:02
Atualizada em 20/04/2021 16:33

CEO da CVC Corp crê na volta da normalidade e boom de viagens e eventos

Em entrevista ao Segue Viagem, Leonel Andrade discorreu sobre suas percepções no pós-pandemia

Como parte de uma série de entrevistas dedicadas ao Dia do Agente de Viagens, o CEO da CVC Corp, Leonel Andrade, falou ao Segue Viagem - portal da própria CVC Corp - sobre suas percepções do pós-pandemia. Também abordou as principais oportunidades e desafios de liderar uma empresa como a CVC Corp.

Divulgação
Leonel Andrade, CEO da CVC Corp
Leonel Andrade, CEO da CVC Corp
Confira a entrevista na íntegra:

Você defende bastante a questão da sustentabilidade. Como você relaciona este tema com o Turismo? E como a CVC Corp pretende trabalhar isso?
LEONEL ANDRADE - Toda a história da CVC Corp envolve conhecer lugares diferentes. Portanto, é nossa obrigação ajudar a cuidar do mundo. A preocupação com a sustentabilidade é uma questão de cidadania e acaba refletindo no nosso negócio, uma vez que a gente vende recursos naturais para os nossos passageiros. Todos nós somos moradores dessa única casa; logo, temos que ter responsabilidade para com ela.

O nosso programa de sustentabilidade envolve também uma série de outras ações, dentre as quais talvez a mais importante seja a diversidade. Temos que refletir aqui dentro o mundo como ele é e, claro, como os clientes são, com toda a diversidade de gênero, raça, orientação sexual, mentalidade. A parte maior que nos cabe aqui é, de fato, sermos uma empresa que seja a cara dos clientes.

Como você avalia os novos protocolos de segurança adotados pelo turismo de modo geral? Acha que eles seguirão da mesma forma no pós-pandemia?
LEONEL ANDRADE - Não. Eu sou muito cético com relação a isso do “novo normal”. Acho que vamos ter o normal de novo. A humanidade já passou por diversas crises ao longo da sua história e o mundo voltou a ser como era antes. É claro que a cada etapa dessa a gente vai aprendendo; a ciência evolui e, eventualmente, alguns hábitos são mais ou menos incentivados. Mas eu não acredito que, daqui a dois ou três anos, vamos usar máscara ou carregar álcool gel o tempo todo. A ameaça que nos faz usar esses instrumentos no momento já não vai mais existir, embora doa saber que, hoje, muita gente não os use.

Tudo na vida é exemplo. E me cabe, como gestor da companhia, tentar dar o melhor exemplo possível. Por mais chato que seja ter que ficar em casa e ter todas as interações físicas dentro de muito protocolo e rigidez, todos nós temos a obrigação de zelar por isso. Infelizmente a ameaça é real e muito forte.

Mas o mundo vai voltar ao normal, dúvida zero. Só precisamos ter cuidado e paciência para chegar lá. No momento eu estou lendo o livro “O esplêndido e o vil”, de Erik Larson, que conta a história de liderança de Winston Churchill durante a Segunda Guerra Mundial e como ele conseguiu mobilizar a Inglaterra e outros países a fim de enfrentar a ameaça nazista. Ele se concentra muito no bombardeio. E eu fico pensando o seguinte: a gente está em casa há um ano e reclama. Durante a guerra as pessoas também ficaram em casa, mas preocupadas com as bombas o tempo inteiro. Você acha que, depois que as bombas pararam e o mundo voltou ao normal, alguém ficou usando máscara de gás? Não, a vida voltou ao que era. Por mais sacrificante que seja, vai acontecer aqui também.

Teremos alguma mudança de portfólio no pós-pandemia?
LEONEL ANDRADE - Sim. As viagens corporativas vão se transformar. Aliás, essa deve ser uma das mudanças de comportamento no pós-pandemia. Quantas vezes saí de São Paulo para ir ao Rio de Janeiro e participar de uma reunião de uma ou duas horas? É muito provável que algumas dessas viagens não aconteçam com a mesma frequência.

Mas não vejo isso como uma ameaça ao setor, pois acredito que, no futuro, uma viagem corporativa vai gerar mais uma estada e/ou mais uma oportunidade de lazer. As pessoas vão diminuir esse ritmo alucinante e dar mais valor a contatos.

Em minha opinião, o segmento de eventos e grandes negócios, como convenções e feiras, vai ser maior. As pessoas vão pensar “depois de tanto tempo sem viajar, quando eu for a uma convenção de vendas ou algo do tipo vou levar minha família e aproveitar o final de semana”, por exemplo. Esse tipo de coisa vai gerar algumas mudanças de comportamento que podem nos favorecer.

No final das contas, como somos um grupo de empresas muito completo, a CVC Corp vai sair da crise tendo à frente de si muitas oportunidades.

Como você enxerga a retomada do turismo com a chegada da vacina?
LEONEL ANDRADE - Boom [imita barulho de explosão e dá risada]. Vai ser uma loucura. E essa loucura vai vir em ondas, por fases. A primeira vai ser do Turismo doméstico. Acredito que, por volta de setembro e outubro, vamos estar sobrecarregados de vendas. Nos últimos meses de dezembro e janeiro já tivemos um movimento forte e, mais para o final do ano, devemos estar com um nível de imunização elevado.

No último trimestre de 2021, 70% da população já deve estar vacinada ou algo assim. E, se você prestar atenção, os grupos que estão sendo vacinados e que serão vacinados até lá são os nossos maiores consumidores: pessoas urbanas, da maior para a menor idade, e com maior poder aquisitivo. O próximo verão tem tudo para ser muito forte no doméstico. Já no que se refere ao internacional acho que só no ano que vem. Claro que a demanda pode existir pontualmente, mas com protocolos muito rígidos.

Acho que teremos três fases muito distintas: primeiro o Turismo doméstico vai explodir ainda este ano – e isso vai ser muito rápido. Ao longo do primeiro semestre do ano que vem será a vez do Turismo internacional, também de maneira rápida. Prevejo que, em junho, julho e agosto de 2022, meses que são os picos de viagens para o Hemisfério Norte, a demanda de viagens para o Exterior estará bem alta.

Na segunda metade de 2022 acredito que vai haver uma explosão de eventos como há muito tempo não se via. Todo mundo querendo espaço para fazer exposição, feiras nacionais ou internacionais, convenções de vendas… Assim, quando 2022 chegar ao fim, a vida estará praticamente normal. E 2023 vai ser um ano ainda melhor do que foi 2019.

Como você avalia este seu primeiro ano à frente da CVC Corp?
LEONEL ANDRADE - O primeiro ano foi e ainda tem sido muito focado na retomada. Retomamos a credibilidade. Viram que nossa companhia passará pela pandemia ainda mais fortalecida e modernizada.

Tenho muito orgulho do time. Estamos confiantes de que ainda em 2021 estaremos liderando a retomada do turismo.

Quais são as principais oportunidades e desafios de estar à frente de uma empresa como a CVC Corp em um momento de pandemia?
LEONEL ANDRADE - Estamos nos adequando às novas estruturas de compliance e de governança, assim como de tecnologia. E vejo tudo isso como oportunidade. A única coisa que a gente não pode é não aproveitar. Essa parada técnica da pandemia está nos dando tempo de melhorar muitas coisas.

Muitos acionistas acreditaram em nós e injetaram capital na companhia. Entretanto, quem vai cuidar do meu interesse futuro é o cliente. Quem ganha o jogo é quem conhece – e chega – no cliente.

O nosso futuro é brilhante, tenho certeza disso, mas precisamos evoluir sempre. E isso vale pra tudo.

Gostaria de finalizar deixando um recado ou alguma dica para os agentes de viagens e para os passageiros?
LEONEL ANDRADE - Deixo aqui os meus parabéns pelo Dia do Agente de Viagens e um profundo agradecimento. A gente sabe que não são poucos os desafios. Inclusive, eles parecem crescer a cada dia, mas perdem espaço e a força diante da competência e do afinco com que os agentes trabalham. A marca CVC Corp só é o que é por conta do trabalho incansável desses profissionais.

Também deixo aqui um compromisso de que vamos continuar melhorando. Nossa principal missão é sermos melhores todos os dias. Vamos assumir o compromisso público de nos aprimorarmos um pouco todos os dias, trazendo um portfólio ainda maior, mais serviços, mais agilidade e mais tecnologia.

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