Karina Cedeño   |   01/03/2024 08:00

Veja 10 tendências para viagens corporativas e eventos neste ano

Custos altos, sustentabilidade e outros temas são destaques do ano para gestores brasileiros


IStock
viagens corporativas
viagens corporativas

Ainda que o cenário de viagens corporativas pareça promissor neste ano (as viagens a negócios estão bem próximas de uma total recuperação dos volumes pré-pandemia, de acordo com a Global Business Travel Association (GBTA), o segmento ainda enfrenta desafios. Um deles, destacado em recente estudo feito pela própria GBTA com compradores globais, é o aumento do custo das viagens, motivo de preocupação para 66% dos respondentes.

Com efeito, essa tendência global também é sentida por gestores de viagens brasileiros. Enquanto isso, no setor de eventos, o ano de 2024 deve ver questões como sustentabilidade e o uso de Inteligência Artificial em alta. Separamos dez tendências que nortearão o segmento de viagens corporativas e eventos neste ano, de acordo com profissionais do setor no Brasil. A seguir, confira:

1- Custos permanecem altos

Assim como em 2023, os custos tendem a permanecer elevados neste ano. “Os últimos anos foram desafiadores para os diversos segmentos do Turismo e com o fim das restrições sanitárias, reaquecimento da economia, demanda reprimida e troca de governo, o mercado sentiu um aumento significativo no custo de passagens aéreas, hospedagens e até mesmo de locações de veículos, que tradicionalmente não apresentavam variações tarifárias”, destaca o analista de Viagens e Expense do Grupo Petrópolis, Eduardo Damasco.

“Essa realidade foi considerada pela maior parte dos gestores no orçamento de 2024 e é importante que o travel manager acompanhe, faça análise e dê visibilidade aos números de viagens para os colaboradores e board da empresa, demonstrando que existe uma lupa apurada em cima desse custo”, complementa o gestor.

Arquivo pessoal de Eduardo Damasco
Eduardo Damasco, analista de Viagens e Expense do Grupo Petrópolis
Eduardo Damasco, analista de Viagens e Expense do Grupo Petrópolis

A executive assistant & office management da Biogen, Kétila Silva, vê como tendência algumas mudanças de comportamento, como a busca por melhores tarifas, adequando a agenda de viagem aos melhores preços, sempre que possível. “Assim como a mudança de alguns trechos antes feitos em classe executiva para econômica premium, ou até mesmo a escolha da opção executiva mais em conta, com o foco na isenção das taxas e multas de alteração, antecedência e planejamento também tendem a estar mais presentes, principalmente em trechos domésticos”, destaca Kétila.

Segundo ela, até mesmo entre os hotéis, que há pouco tempo tinham preços mais estáveis, há uma tendência de crescimento de tarifas em 2024. “Com isso, vem a padronização de quartos standard e a antecedência na reserva”. No setor de eventos, o orçamento reduzido, com a busca de estruturas criativas e de menor custo, mas ainda assim de impacto, é uma tendência, segundo a gestora de Viagens da Bayer, Juliana Patti. “Assim como a diversidade de formatos e materiais, reuso, locais com menor custo de deslocamento e menor impacto ambiental”.

2- Volume de Viagens aumenta, mas com critérios

Ainda que o volume de viagens tenha previsão de alta neste ano, segundo a GBTA, a realização das mesmas deve estar atrelada a um propósito. E isso também está relacionado à questão dos custos, citada anteriormente. “Vejo a continuidade no foco em permitir a maioria de viagens que tragam receitas, como visitas a clientes. O aumento do número de viagens tem crescido, mas com critérios. O filtro está maior nas companhias. Os fornecedores também estão sendo reavaliados. As empresas, sem dúvida, buscarão parcerias mais alinhadas aos seus compromissos”, destaca Kétila, da Biogen.

Arquivo pessoal de Kétila Silva
Kétila Silva, executive assistant & office management da Biogen
Kétila Silva, executive assistant & office management da Biogen

3- Viagens e eventos com baixo impacto ambiental

A sustentabilidade é uma questão de destaque para viagens e eventos em 2024. “Os clientes estão cada vez mais exigentes e preocupados com o futuro e com aquilo que será exposto, então a busca por novos horizontes para ativações que não causem nenhum impacto ou baixíssimo impacto negativo ao meio ambiente será um marco bastante relevante e presente em 2024, devendo estar na mira dos gestores de eventos. Afinal, a ONU tem uma agenda muito forte para 2030 com o desenvolvimento sustentável, o qual as empresas e clientes devem olhar com afinco na hora de pensar e criar eventos”, ressalta a especialista em Gestão e Planejamento estratégico em Eventos do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), Dayse Lamartine.

Arquivo pessoal de Dayse Lamartine
Dayse Lamartine, especialista em Gestão e Planejamento estratégico em Eventos do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR)
Dayse Lamartine, especialista em Gestão e Planejamento estratégico em Eventos do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR)

O coordenador do Departamento de Eventos da Apsen Farmacêutica, Bruno Fasterra, endossa essa questão. “Os eventos estão cada vez mais focados em sustentabilidade ambiental e responsabilidade social, com a ideia de redução do desperdício, uso de materiais ecológicos, compensação de carbono e a incorporação de iniciativas de responsabilidade social corporativa. Temos que focar muito nisso, pois é o futuro para as empresas”, destaca Fasterra.

“É importante manter e ampliar práticas de sustentabilidade corporativa e ambiental, visando a um equilíbrio nos negócios e meio ambiente e, por fim, incentivar a inclusão e diversidade no setor de Turismo. Espera-se que o mercado este ano tenha um olhar mais apurado nas práticas de ESG que foram implementadas no ano anterior pelos principais fornecedores e clientes”, complementa Eduardo Damasco.

4- Inteligência Artificial em destaque

O analista de Viagens e Expense do Grupo Petrópolis também destaca o uso de Inteligência Artificial (IA) no setor de viagens corporativas como uma tendência para 2024. “A IA poderá ajudar na automação de processos e serviços, na personalização das viagens dos colaboradores e em uma comunicação eficaz com seu alvo”.

O setor de eventos também se beneficia com o uso dessa tecnologia, de acordo com Bruno Fasterra. “Acredito que a Inteligência Artificial será esmiuçada por parte de eventos, para que possamos cada vez mais aplicar inovações e fazer eventos mais vivos e surpreendentes. Realidades virtuais e aumentadas serão ainda um braço muito forte, pois são tecnologias que estão cada vez mais desenvolvidas, com um custo cada vez menor, a partir de sua popularização”, afirma o coordenador do departamento de Eventos da Apsen Farmacêutica.

Arquivo pessoal de Bruno Fasterra
Bruno Fasterra, coordenador do departamento de Eventos da Apsen Farmacêutica
Bruno Fasterra, coordenador do departamento de Eventos da Apsen Farmacêutica

“Ainda pensando em tecnologia, a otimização do tempo é algo relevante. O uso de aplicativos já é a preferência da maioria. É notável o investimento das agências de viagens na ferramenta. Atualmente, aprovações e reservas podem ser feitas diretamente pelo app, a qualquer hora. Check-in e cartões de embarque também são acessados pelos apps das companhias aéreas, fomentando a agenda de sustentabilidade que vem crescendo no interesse das empresas, nos relatórios de carbono emitidos pelos voos, entre outros”, reforça Kétila Silva.

Eduardo Damasco, por sua vez, destaca a necessidade de as TMCs e travel techs investirem e disponibilizarem ferramentas robustas de BI ou Power BI que sejam capazes de suportar, gerar informações e insights que auxiliem as tomadas de decisões dos gestores, seja para acompanhamento das despesas ou apoio à negociação com os fornecedores.

Já nos eventos, tecnologia em equipamentos, sistemas de check-in e check-out, inscrição e cadastramento ágeis e self-services ganham destaque, assim como games simples e que remetam a alguma memória afetiva, segundo a gestora de Eventos da Bayer, Juliana Patti. “Mesmo sabendo que no último ano o mercado tecnológico foi bem afetado em alguns Estados, com a volta quase total para o presencial e semi-híbrido, vejo o potencial de inserir novas tecnologias nas feiras, considerando que o mercado está se readaptando ao pós-pandemia. Afinal, a IA e a cybersegurança têm sido os assuntos mais falados e abordados no último semestre de 2023”, complementa Dayse Lamartine.

5- Entregas mais assertivas

No que se refere à relação cliente/fornecedor, a expectativa é o desenvolvimento constante do conhecimento dos negócios, briefings devidamente discutidos e desafiados para que as entregas sejam mais assertivas, de acordo com Juliana Patti. “As dinâmicas dos negócios reduziram o tempo de planejamento, ou seja, é necessário um menor número de refações. Tempo é dinheiro e os times estão mais reduzidos também.”

PANROTAS / Emerson Souza
Juliana Patti, gestora de Viagens da Bayer
Juliana Patti, gestora de Viagens da Bayer

6- Eventos híbridos

Depois da pandemia, os eventos híbridos ganharam destaque no mercado e mostraram vantagens para gestores e participantes. “Os eventos híbridos continuarão a ser realizados, ainda mais porque o custo-benefício é muito grande. Para isso, buscamos e esperamos melhorias na integração entre os dois formatos, oferecendo uma experiência mais imersiva e envolvente, principalmente para os participantes remotos”, comenta Bruno Fasterra. “Estamos na era 5G, onde a distância não é mais um limite. Portanto, os eventos passam a ser cada vez mais híbridos, permitindo a presença também daqueles que não podem estar presencialmente. Assim sendo, plataformas que permitem a colaboração em tempo real e vídeo conferências com alta qualidade nas entregas devem estar presentes para o ano de 2024, dentro dos investimentos de eventos”, comenta Dayse Lamartine.

7- Experiências personalizadas nos eventos

Essa é uma tendência que, entra ano, sai ano, se mostra sempre muito prevalente. “Cada vez mais nós utilizamos dados e tecnologia para termos experiências mais personalizadas para nossos participantes. Além disso, estamos tratando mais os eventos não só como reuniões, congressos e aulas, mas acima de tudo, criamos e executamos experiências para nossos convidados”, pontua Fasterra.

“Neste ano, a busca por experiências de qualidade será muito maior, principalmente pela nova geração que entra no mercado de trabalho, a qual está disposta a pagar altos valores pelas experiências surreais e marcantes. A inovação precisará dominar, e conhecer o seu público será essencial”, complementa Dayse.

8- Políticas de viagens mais flexíveis

De acordo com os gestores, torna-se cada vez mais importante conhecer o perfil do público para elaborar uma política de viagens mais flexível. “Por exemplo, uma parte dos viajantes prefere se hospedar em casas do Airbnb do que em hotéis, por conta de uma série de fatores, entre os quais um maior leque de opções de regiões, proximidade com local do evento ou da reunião, privacidade, comodidade em cozinhar seu próprio alimento, algo mais afetivo. O uso da plataforma poderá ser uma alternativa em relação aos preços elevados de diárias em hotéis. Outra possibilidade seria a desmistificação da utilização de ônibus em alternativas a determinadas rotas, nas quais os valores de passagens aéreas apresentam um alto custo”, afirma Eduardo

9- Mudanças nos hábitos de reservas

Há uma tendência de que os hábitos de reservas acompanhem o desenvolvimento de novas tecnologias. “Ao levarmos em consideração não só os custos, mas a comodidade, acompanhamos um crescimento de reservas de carros já no ato de planejamento da viagem. Cada vez mais, os executivos estão deixando de reservar carro na chegada ao aeroporto e estão preferindo reservar junto com hotel e aéreo. A interação atual com a tecnologia traz esse movimento, e as locadoras estão correspondendo, hoje há a possibilidade de check-in on-line de carros e check-out com o mínimo de contato com o atendente, o que torna o processo mais rápido”, comenta Kétila.

10 - Eventos mais dinâmicos

Agendas mais enxutas, linguagem direta, apresentações mais rápidas e dinâmicas são algumas das tendências em eventos citadas por Juliana Patti. “Assim como a redução na quantidade de atividades em plenária e o uso mesclado de espaços abertos e de lazer”, conclui a gestora.

Este conteúdo é parte integrante do Anuário PANROTAS de Eventos e Viagens Corporativas 2024. Confira abaixo o conteúdo na íntegra:



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