Karina Cedeño   |   18/10/2023 16:22

Qual é o novo perfil de consumo do viajante brasileiro? Google revela

Turismo terrestre, busca por hospedagem, jornada digital e marcas mais lembradas: veja dados


PANROTAS / Karina Cedeño
Maurício Martiniano, head de Business Solutions, Data & Insights do Google
Maurício Martiniano, head de Business Solutions, Data & Insights do Google

Durante o Travel Connect 2023, realizado pela Voll nesta quarta-feira (18) em São Paulo, o head de Business Solutions, Data & Insights do Google, Maurício Martiniano, trouxe insights e informações sobre o novo comportamento de consumo dos viajantes brasileiros, que mudou bastante de 2019 para 2023.

De acordo com o estudo, os novos comportamentos que ganham mais destaque são:

Turismo no Brasil passa a ser terrestre

Hoje, o novo viajante busca, predominantemente, rotas com distâncias menores, em destinos nacionais, visando trajetos mais curtos. De acordo com o Google, houve alta de 156% na busca por rotas de até 250 quilômetros de distância de 2019 para 2023, enquanto a busca por rotas com distâncias até 3,5 mil quilômetros caiu 77% no período. “Isso gera uma mudança estrutural no Turismo do Brasil, que passa a ser um Turismo terrestre”, destaca Martiniano.

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Metade do interesse do consumidor está na hospedagem

A hospedagem, que em 2019 representava 35% do interesse do consumidor brasileiro, hoje representa 50%. De 2019 para cá, as buscas por hotéis aumentaram 99%, enquanto as buscas de companhias aéreas aumentaram 1%, atingindo o mesmo patamar que tinham em 2019. “Isso não significa que as buscas por aéreas caíram, mas sim que as de hotelaria aumentaram muito”, revela o executivo. Viagens de ônibus, por sua vez, registraram alta de 26% no período, enquanto o interesse por aluguel de carros cresceu 54%.

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Jornada do viajante é digital

Atualmente a jornada de descoberta do viajante é predominantemente digital. Buscas no Google e no Youtube lideram e os aplicativos têm papel de destaque no País. “O brasileiro passa 5h20 por dia em aplicativos, ficando atrás apenas da Indonésia. Sendo assim, para uma empresa ter sucesso neste mercado, ela precisa ter um aplicativo com conteúdo relevante e usabilidade inteligente”, reforça.

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Turismo pode se tornar protagonista na Black Friday

O segmento de Turismo tem um grande potencial na Black Friday, de acordo com o especialista do Google. “Nossos estudos mostram que 71% dos consumidores querem comprar viagens na Black Friday, mas 49% nunca compraram, então existe, sim, demanda e interesse na compra de viagens nesse período”, afirma Martiniano.

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O interesse do viajante que compra na Black Friday está, principalmente, em:

1º lugar – Hospedagem (60%);

2º lugar - Pacotes (59%);

3º lugar - Passagem aérea (53%);

4º lugar – Passeios turísticos (41%);

5º lugar – Ingressos para atrações turísticas (26%);

6º lugar – Aluguel de carro (25%)

7º lugar – Passagem de ônibus (17%);

8º lugar - Cruzeiros (16%).

O estudo mostra, ainda, que ofertas ou pacotes de quatro a dez dias de viagens podem ganhar destaque para os consumidores, assim como ofertas personalizadas de mais de dez dias para o público de alta renda. “Além disso, três em cada quatro consumidores pretendem gastar mais de R$ 1 mil em viagens na Black Friday. O cartão de crédito parcelado é o meio de pagamento preferencial dos viajantes (64%), seguido pelo Pix (39%)", complementa.

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Cenário de consumo favorável

De acordo com o head de Business Solutions, Data & Insights do Google, o cenário econômico no Brasil traz uma perspectiva otimista para este ano. “Quando questionados se a economia do País estará melhor até o final do ano, 51% dos brasileiros responderam que sim, considerando, também, que a própria situação financeira irá melhorar. Isso significa um apetite de consumo, o brasileiro está mais otimista”, diz o especialista.

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Quais marcas e destinos são mais buscados no Turismo?

O Industry Report do Google (estudo que monitora mensalmente o interesse, no Brasil, pela indústria a partir de dados do Google), revelou que o Turismo no Brasil cresce por meio de buscas genéricas (exemplo: termos como “passagens aéreas” ou “destinos”). Mensalmente, são realizadas 145 milhões de buscas no Google relacionadas a Turismo, sendo 52% delas genéricas e 48% por marcas.

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Na busca por marcas, as companhias aéreas lideram o ranking.

  1. Gol (7,8%);
  2. Latam (7%);
  3. Google Flights;
  4. Azul.
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Já nas buscas por termos genéricos, praia é o preferido dos brasileiros.

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Cidades mais buscadas no Brasil e no mundo

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“Mas é muito importante observar que, embora a predominância seja das buscas genéricas, quem puxa o interesse da indústria são as marcas”, complementa Martiniano, dando um exemplo notável no mercado. “Nas buscas por destinos, o Rio de Janeiro predomina nas pesquisas do Google, enquanto no internacional, Orlando é o destino mais buscado. Isso não é novidade, mas agora apareceu Curaçao nos destaques, com um crescimento mensal. E aí nós descobrimos que uma companhia aérea acabou de lançar um voo nesse destino. Ao fazer isso, ela move o interesse do consumidor. O interesse nas companhias aéreas não acontece de forma passiva. Elas podem construí-lo”.

3 fatores que mudaram o perfil de consumo de viagens no Brasil

Segundo Maurício Martiniano, o pós-pandemia trouxe consigo três fatores que mudaram o perfil de consumo do brasileiro. São eles:

  • Digitalização do mercado – O Brasil digitalizou em dois anos o que era pra digitalizar em dez. Hoje, 85% da população brasileira tem acesso ao digital e isso muda o jeito como as pessoas consomem. Como já mencionado acima, o brasileiro passa 5h20 por dia em apps, ficando atrás apenas da Indonésia. “Hoje o consumidor tem todas as indústrias na palma as sua mão”, destaca.
  • Maturidade de mercado – Antes havia espaço orgânico de crescimento em todas as indústrias. Hoje em dia, isso não ocorre, pois o Brasil já é um País maduro em termos de consumo. Se as empresas querem mais consumidores, precisam trazê-los dos concorrentes;
  • Oferta plural – O Brasil nunca teve tantas empresas de grande porte como agora, o que resulta em maior oferta de produtos. Em 2019, havia 350 grandes empresas no Brasil. Em 2022, esse número subiu para 925. “O consumidor é bombardeado por mais ofertas e produtos”, complementa o executivo.


"O fato de o Brasil ter tido um avanço gigantesco na parte de digitalização e no uso de aplicativos faz com que o consumidor se torne muito mais racional e exigente. É um consumidor que pensa: 'Eu não quero só viajar, quero fazer a melhor viagem', e isso fica evidente nas pesquisa do Google”, finaliza o profissional do Google.

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