Rodrigo Vieira   |   23/08/2023 18:29

Latam acertou ao adotar NDC, mas ainda vai melhorar distribuição, diz CEO

Jerome Cadier diz que o modelo é mais eficiente, flexível e moderno e promete melhorias por parte da Latam

PANROTAS / Emerson Souza
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil
Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil

Quase quatro meses se passaram desde que o Grupo Latam colocou o New Distribution Capability, ou NDC, como o modelo prioritário na distribuição de seus produtos e passou a cobrar US$ 12 por transação no GDS. Não sem polêmica. No Chile, o Tribunal de Defesa da Livre Concorrência do país obrigou a aérea a derrubar a cobrança de taxa, a pedido da Achet, uma espécie de Abav chilena. No Brasil, a medida adotada pela Latam em 1º de maio também enfrenta resistência.

Agências e gestores de viagens corporativas têm se queixado das taxas no GDS e da entrega do NDC. Fontes ouvidas pelo Portal PANROTAS dizem até compreender a estratégia, mas alegam que a companhia ainda não estão entregando tudo o que os sistemas GDS entregam.

O CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, foi enfático ao dizer que a companhia aérea acertou na escolha, mas reconheceu e apontou elementos onde a distribuição via NDC da Latam ainda pode melhorar. Em sua visão, é preciso separar o que é tendência de longo prazo e o que se tem hoje, pouco tempo depois da transição.

"É inegável que o futuro da distribuição aérea é o NDC. O que se pode discutir é a velocidade dessa transformação, mas não o fato. O NDC é um sistema mais flexível, mais novo, mais eficiente. É um sistema muito mais adaptado à realidade das passagens aéreas e à relação do cliente com a companhia hoje. Afinal, o consumidor não compra mais só passagens, mas uma série de ancillaries, que são melhor entregues pelo NDC. Os players que entenderem esse futuro mais cedo vão capturar os benefícios mais rapidamente."

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, em exclusiva ao Portal PANROTAS

O CEO da Latam Brasil garante que a mudança para o NDC foi planejada com antecedência pela companhia, após assistir ao que companhias internacionais, como a Lufthansa, fizeram anos atrás. "Estamos bem satisfeitos até agora. A grande vantagem da nossa mudança é que já tínhamos o E-Latam como canal direto, que absorveu muito desse volume. Foi uma grande transformação, aumentando o share do E-Latam. Vejo o desempenho do NDC melhor do que o do GDS. No fim das contas é uma questão de tempo para que todas as companhias aéreas o adotem e, consequentemente, as distribuidoras também", aponta Cadier, indicando, porém, algumas ressalvas.


PANROTAS / Emerson Souza
Jerome Cadier na Academia Latam, em São Paulo
Jerome Cadier na Academia Latam, em São Paulo

"Há funcionalidades que o NDC, como plataforma, ainda precisa se desenvolver mais e isso vai acontecer. Um exemplo são as vendas de grupos, que ainda não estão tão eficientes quanto no GDS, mas reforço que é uma questão de tempo. Hoje já vendemos todos os ancillaries via NDC e a tendência é só aprimoramento", completa o mandatário da companhia aérea.

Por fim, Cadier diz que a Latam, por seu perfil de destinos e parcerias, tem um sistema mais complexo e precisa de um desenvolvimento maior do que os concorrentes locais que tem no Brasil. "Estamos no caminho certo. O NDC é o futuro da aviação e não adianta lutar contra isso. Esse modelo traz acessibilidade e eficiência na compra para o cliente final. Se isso não estivesse no mix, não ia valer a pena, mas é fato que traz e torna uma venda muito melhor pro cliente", conclui.

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